sábado, 28 de novembro de 2009

Propina do ônibus - Operação Expresso

Ocorreu dentro da Assembleia Legislativa parte da negociata envolvendo o pagamento de propina de R$ 400 mil para que a Agerba desse anuência a uma venda irregular de linhas de ônibus. Escutas telefônicas da Operação Expresso revelam que o deputado estadual Ronaldo Carletto (PP) também participava dos acertos para as transferências ilegais de concessões de linhas intermunicipais para empresas de sua família.

Nos diálogos gravados com autorização judicial, dos quais A TARDE teve acesso exclusivo, é citado o nome de outro deputado estadual: o líder do PMBD na Assembleia, Leur Lomanto (PMDB).

Durante as negociações, um dos encontros chegou a ser marcado no gabinete do deputado Leur Lomanto. A reunião foi agendada por Paulo Carletto, sócio da Rota Transportes e irmão de Ronaldo, para o dia 15 de outubro último, às 11 horas. Na véspera do encontro, em dois telefonemas, um às 10 horas e outro às 17 horas, Paulo e Ronaldo, que é da base aliada do governo, foram flagrados em conversa telefônica acertando detalhes do encontro.

Pouco depois da segunda ligação, às 17h48, Paulo Carletto ligou para avisar a Ana Dozinda Penas Pinheiro, sócia da Expresso Alagoinhas, que a reunião contaria com a presença do “Gordo”. A polícia suspeita que este codinome pode ser usado pelos acusados para referir-se ao presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, ou ainda ao secretário municipal de Transportes e Infraestrutura, Almir Melo Júnior.

Neste mesmo diálogo, Ana Dozinda, que é conhecida como Anita, chegou a questionar o porquê do “Gordo” marcar o encontro na Assembleia e não no “local dele”. “Não dá para entender”, diz a empresária. No dia marcado, Anita não compareceu. Paulo Carletto então ligou para a empresária, por volta do meio-dia, para dizer que “o pessoal está lá esperando por ela”. Anita responde que não vai porque não acertou nada naquele lugar.

Em outubro deste ano, Anita estava sendo pressionada pelo sócio da Planeta Transportes, José Ribeiro, e por Paulo Carletto, da Rota Transportes, a pagar R$ 400 mil para que a Agerba liberasse a venda das linhas da Alagoinhas e da Planeta para a Rota. A transação é considerada ilegal pelo Ministério Público estadual, uma vez que são concessões públicas e, por isso, não podem ser negociadas entre concessionárias. Neste caso, a licitação é obrigatória. O negócio foi acordado em R$ 4 milhões e o valor da propina era de 10% do total negociado.

A Tarde On Line

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Caso PT X PMDB na Bahia

Em contato comigo, há pouco, o presidente regional do PMDB baiano, Lúcio Vieira Lima, respondeu às declarações do governador Jaques Wagner (PT) (no post “Wagner: se PMDB quiser retornar tem que pedir“), afirmando que o chefe do governo baiano pode ficar tranquilo porque este pedido não vai acontecer. “Nós até poderemos procurá-lo, mas para pedir o seu apoio no segundo turno da eleição, porque temos uma candidatura vitoriosa e que tem crescido a cada dia“, afirmou Vieira Lima, para acrescentar que estranha tanta preocupação de Wagner com a figura do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).

O presidente peemedebista não aliviou: “Ele tem dito que não leva a candidatura de Geddel em consideração e que seu adversário é Paulo Souto (DEM). Provando que quem desdenha quer comprar, o governador não faz outra coisa que não seja falar de Geddel. E se o PMDB é tão ruim quanto ele diz, não deveria abrir a possibilidade de um reatamento e sim fechar completamente as portas. Ou, então ter a humildade de dizer que precisa do partido porque seu projeto político da reeleição corre risco sem o apoio do PMDB“.

Lúcio também disse não estranhar quando o governador falou, na entrevista, que o PMDB criou problema quando foi contra a vontade do governador e do presidente: “Ora, isto faz lembrar um tempo que já passou na Bahia, quando ninguém podia contrariar o todo-poderoso governador, quando ninguém podia decidir seus destinos. Mas ele apenas comprova como tem agido de forma a parecer uma reencarnação do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, ao perseguir adversários, como neste caso da Agerba, e deixar de apurar denúncias como a que fez o seu líder na Assembleia, Paulo Rangel, de que haveria superfaturamento na compra de ração na Bahia Pesca“.

Fiz questão de reproduzir as declarações do presidente do PMDB, após a reprodução da entrevista do governador (leia aqui), para mostrar o que nos espera pela frente nesta campanha eleitoral. Como estamos ainda nos primórdios da pré-campanha, dá para concluir que este será um dos embates mais interessantes, e mais quentes, da história das eleições na Bahia.

Fonte: A Tarde On Line